eu assisti o programa da virginia pra que você não precise
Numa tentativa desesperada de injetar relevância na tv aberta, o decrépito Silvio Santos botou o RH pra TORAR no instagram. Tudo que é nome da internet foi contratado: Tirulipa (filho do Tiririca), Lucas Guimarães (marido do Carlinhos Maia), Virginia (nora do Leonardo) e Luccas Neto (neto de Luccas) estream na emissora este ano.
Não é a reforma mais promissora do mundo; dos apresentadores destacados no anúncio, dois já pediram demissão. Eliana meteu o pé pra Record e Chris Flores largou o Fofocalizando pra voltar ao jornalismo de verdade. Somando esse desfalque à recente aposentadoria do Raul Gil, sobra BASTANTE pressão nos recrutas pra reinventar a grade do SBT. Será que o Sabadou com Virginia é capaz desse milagre?
Não. Mas eu, que sou uma mulher curiosa, dediquei meus sábados a descobrir exatamente o quão ruim é esse programa.
O QUÃO RUIM É O PROGRAMA DA VIRGINIA?
Conhecida pelos seus QUARENTA E SEIS MILHÕES de seguidores como CEO da Wepink — uma marca de cosméticos questionáveis e frequentemente questionados — e mãe das Marias — cuja gestação veio em bom momento pra salvar o engajamento da mãe —, Virginia é uma estrela.
Das críticas que ela recebe, vazia é a menos merecida: criar e manter uma audiência monstruosa dessas é um trabalho de obsessão. Desde o casamento com o mais inofensivo dos herdeiros do sertanejo ao marketing constante nos stories, cada escolha que ela faz revela uma mente ambiciosa, disposta a qualquer coisa por mais dinheiro e fama. Se esses objetivos não são os mais louváveis, a força com que ela corre atrás deles não deixa de ser impressionante. A mulher veio pra ganhar.
Tendo dito isso, talvez não seja a melhor estratégia alguém com esse perfil cavar uma vaguinha na TV aberta. Pra uma pessoa que nem a Virginia, que parece ser horrível na vida real, o controle criativo do instagram é muito importante. Lá você decide exatamente como vai ser vista, cortando, filtrando e fraudando o que for necessário pra parecer mais interessante do que é.
Já no programa do SBT os interesses do SBT vêm primeiro; se um momento for interessante às custas da Virginia, é assim mesmo que ele chega na edição final. Olha esse trechinho da entrevista com o Celso Portiolli:
Naqueles três segundinhos de reação cê já saca a vibe EXTREMAMENTE MALIGNA da Virginia. A decepção dela quando descobre que a anedota do Celso não envolve nenhum famoso é muito óbvia, e nem ocorre a ela disfarçar. Parece aquelas crianças terríveis que o Willy Wonka assassina. Se não vai prejudicar ninguém, não tem graça.
Essa sede da Virginia em criar problema pros outros é tamanha que rendeu um quadro fixo no programa — o Se Beber Não Fale. Em todo episódio, ela, o amigo gay e mais dois convidados jogam uma espécie de verdade ou consequência, sendo a consequência beber uma mistura infernal.
Todo episódio os convidados realmente bebem uma porra dessas. Maiara e Maraisa entornaram um Bacardíaco (shot de óleo de fígado de bacalhau) e um Shorante (refrigerante quente com molho shoyu); já a coitada da Pabllo mandou pra dentro um suco de limão com wasabi. O lance é tão nojento que deixaram até um baldinho rosa a postos caso alguém precise vomitar.
Por que uma celebridade se sujeitaria a isso?? Por chantagem. A dinâmica do quadro é responder ou beber, e as perguntas são extremamente comprometedoras. Celso, quem é a pessoa mais insuportável com quem você já trabalhou? Maiara, qual famoso você conhece e tem bafo?
No caso da Pabllo é mais absurdo ainda. Perguntar quem é o homem mais famoso com quem ela já ficou é querer arrancar alguém do armário na cara dura. Ela até deu uma gingada, falou que é um jogador de futebol, que não tem como abrir assim, e tá lá a Virginia pressionando. Conta!!! Qual time??? Que filha da puta, cara. Que cretinice absurda. Imagina ter sua vida arruinada por 9 pontos de audiência no SBT?
O resultado é que o quadro basicamente não funciona. Nenhum convidado vai se expor desse jeito pra agradar a apresentadora sociopata, então toda pergunta fica sem resposta. Só quem cede sob pressão é o Lucas Guedes, o tal amigo gay — e mascote do programa —, mas não sem criar um certo constrangimento. Na real, com DOIS EPISÓDIOS de Sabadou já dá pra fazer uma montagem de gente constrangida.
Mas e a Virginia? Responde?
Imagina. A mulher é lisa demais. Não só ela se esquiva de qualquer pergunta do quadro e ainda fica COM RAIVA se um convidado bota a mesma pressão que ela botou, como ainda deu um jeito de tirar atestado pra não ter que beber as misturas. Afinal, já que ela tá grávida do neto do Leonardo, não cai bem isso de tomar carne moída com suco de goiaba. Sobra pra MÃE dela — elenco fixo do programa — enfrentar as consequências da filha.
É tão absurdo esse quadro que já chegou ao ponto da produção só mandar pergunta fácil pra Virginia, tipo Quando foi que você teve vergonha alheia da sua mãe, pra ela não passar mais um episódio sem responder nada. Aí é de boa dar resposta; o truque é não expor ninguém que não receba um cheque gordo do SBT ao fim do mês. Fica tudo em casa.
Se essa espécie de Jackass-para-senhoras não te atrai, talvez te agrade saber que o resto do programa é bem melhor. O episódio da Pabllo, por exemplo, começa com uma sequência frenética de número musical (Triste com tesão) seguido de show de talentos e um micro Passa ou Repassa. Quando eu digo micro, é porque o Celso Portiolli literalmente entra arrastando uma miniatura do cenário dele e chama os próprios convidados pra levar torta na cara.
A graça dessa sequência é que a Virginia não tá envolvida em nada. O centro das atenções nunca é ela; nos melhores momentos do programa, cê até esquece que ela tá ali. Ao contrário de uma Tatá Werneck, que tem tanto a dizer, tanta piada a fazer, que chega a intimidar um pouco o convidado — deixa o pessoal meio retraído —, a celebridade no programa da Virginia naturalmente se expande pra preencher o vácuo de carisma que ela deixa. Fica tudo mais engraçado, mais cativante — tudo menos ela.
Já quando o foco é a Virginia, deus me livre. A primeira pergunta que ela faz pro Celso é quantos anos ele tem de carreira; a segunda é se, nesses 30 anos, “já aconteceu alguma coisa inusitada.” Imagino que sim, Virginia. Até fora da TV é difícil passar 30 anos sem uma coisa inusitada acontecer.
Eu não morro de amores pelo Celso Portiolli, mas nesse programa ele parecia um professor assistindo trabalho em grupo. Pô, o cara é profissional. Sabe olhar pra câmera, sabe conversar. Já o elenco fixo (Virginia, mãe e amigo gay) não parece ter nem o mínimo de treinamento pra TV. Falam um por cima do outro, ignoram o que o outro disse em vez de responder. Eles conversam como se tivessem na sala de casa — e por mais que as pessoas digam que querem ver isso, o verdadeiro profissional sabe que elas não querem, igual homem quando diz que gosta de mulher sem maquiagem. A ilusão de uma conversa natural na TV é coisa que só muito ensaio pode criar.
Aqui é o caso então de me retratar por ter dito que a Virginia é uma pessoa maligna. É um grande ato de generosidade criar um programa em que os seus convidados brilham muito mais do que você — aliás, um programa em que a sua mera ausência já cria uma prazerosa sensação de alívio no espectador. Entre isso e o privilégio de descobrir que uma mulher tão milionária precisa desesperadamente de uma fono, posso AFIRMAR que saio do programa da Virginia bem feliz. Longa vida ao Sabadou!
Laurinha norma saiu da rádio pra entrar oficialmente no jornalismo investigativo, isso aí é qualidade pura
obg por mais esse serviço prestado